quarta-feira, julho 23, 2008

Eu que não entendo o sangue fluindo Eu que prefiro o excesso calado da subvida,



Então ...ele respirou raso, profundamente raso,
Foi que o ar mergulhara em seu corpo; puro, de um selvagem mergulho.
O céu, deus! o céu estava alto, profundamente alto assim infindável
E o céu, o céu era de uma brancura, de um branco tão poderoso e tão pleno que em algum lugar (distante) choveria ...
E ele ouvia.
Ele ouvia, talvez o temor delicioso que ele estava vivendo lhe abrira os tímpanos como um animal que mais que naturalmente sutiliza seus ouvidos em certas ocasiões de extrema vida:



E respirar era um tato e com o tato da pele ele sentia o ar inteiro, o tato era uma espécie de olfato tão delicado
Ele respirava mudo como um surdo aprende a ouvir por toda sua pele.
A vida era então uma maneira prazerosa e doida de experimentar o grande gozo da morte:
A fina pele da água viva que a separava da grande água. A pele do óvulo.
A membrana da flor, quase uma conquista de ser ar.
A vida era então uma maneira de experimentar a morte de uma maneira bem vivida. Depois ...
Como a dura casca frágil do ovo e viver banhado de ar era um grande convite: ...
E como viver era raro ele e as raízes imaginavam... Apenas. Vivas.
Pedro Mota Junho 2008

6 comentários:

Uirá Felipe disse...

PEEEEEEEEEEEEEDRO!!!!


Isso é uma POESIA!!!

quero dizer, é fantáaaastica!!!!


quero dizer..

não tenho palavras.....


o tato respiratório.... olfato elétrico... AMEI cada sensação que este me propórcionou poncioni...

um abraço redondo!!!

Uirá Felipe disse...

ps. depois dá uma olhada em inefavelverbal.blogspot.com

bração!

andré mielnik disse...

pedro,

coisa linda essa tua morada, toda verde, cheia de mata, de novo, de sede, de água. lembrar (inevitável) da infância, dos achocolatados natalinos, do humaíta. pois é: palavra é tempo.

com felicidade visitarei sempre.

que beleza, pedro mota, que beleza essa tua casa!

um abraço,

andré

Rachel Souza disse...

Viver é raro mesmo, alguns poucos conseguem...rs
Gostei do que vi por aqui, veja po r lá também: www.rachel-souza.blogspot.com

Carolina Leal disse...

A fina pele da água viva que nos separava da grande água. E com o tato da pele, eu podia sentir o seu ar delicado. Talvez fosse pesado, mas não naquele momento em "sobrevivíamos ao fim do mundo" fechados num quarto. Do teatro.

tomazmusso disse...

que respiração...ar...
ar...relva