quarta-feira, julho 23, 2008

Eu que não entendo o sangue fluindo Eu que prefiro o excesso calado da subvida,



Então ...ele respirou raso, profundamente raso,
Foi que o ar mergulhara em seu corpo; puro, de um selvagem mergulho.
O céu, deus! o céu estava alto, profundamente alto assim infindável
E o céu, o céu era de uma brancura, de um branco tão poderoso e tão pleno que em algum lugar (distante) choveria ...
E ele ouvia.
Ele ouvia, talvez o temor delicioso que ele estava vivendo lhe abrira os tímpanos como um animal que mais que naturalmente sutiliza seus ouvidos em certas ocasiões de extrema vida:



E respirar era um tato e com o tato da pele ele sentia o ar inteiro, o tato era uma espécie de olfato tão delicado
Ele respirava mudo como um surdo aprende a ouvir por toda sua pele.
A vida era então uma maneira prazerosa e doida de experimentar o grande gozo da morte:
A fina pele da água viva que a separava da grande água. A pele do óvulo.
A membrana da flor, quase uma conquista de ser ar.
A vida era então uma maneira de experimentar a morte de uma maneira bem vivida. Depois ...
Como a dura casca frágil do ovo e viver banhado de ar era um grande convite: ...
E como viver era raro ele e as raízes imaginavam... Apenas. Vivas.
Pedro Mota Junho 2008